segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Aplicabilidade de Nova tecnologia de segregaçao do urânio associado ao fosfato em outras jazidas

          Embora a tecnologia de segregação seja eficiente e eficaz ela não foi empregada em outro empreendimento porque a mesma foi desenvolvida especialmente para o projeto Santa Quitéria. Sua aplicabilidade não é garantida em outros tipos de colofanito porque essa rocha apresenta suas particularidades ao longo de sua ocorrência no espaço geográfico. O comportamento das rochas colofaníticas são extremamente diferentes e não possuem um padrão pré determinado.
          As características variam de acordo com cada ocorrência, o que não garante que um método de segregação seja eficiente em todos os locais. Portanto, o método nunca foi implementado em outras rochas de outros locais em virtude do depósito de Itataia possuir aspectos únicos perante os demais.
          Os processos geológicos responsáveis pela gênese desse tipo de depósito pode se dá de formas diferentes. Com isso, a mineralização pode ser distinta, assim como o percentual de um determinado mineral em um maciço rochoso. No caso específico da jazida de Itataia, a carstificação ocorrida através da dissolução química da rocha calcária favoreceu a existência de minerais carbonatados e silicáticos que foram lixiviados impulsionando a concentração de outros. O princípio da analogia não se aplica ao referido depósito, pois ele nem de longe se assemelha a nenhum outro, cabendo aos geólogos à incumbência de melhor estudá-lo e defini-lo.
          A exequibilidade econômica da jazida só foi possível graças à descoberta dessa nova tecnologia de segregação desenvolvida por pesquisadores brasileiros, à medida que a execução da lavra vai ao encontro dos interesses públicos.
          Interesses esses que vão desde o desenvolvimento da região Nordeste do Brasil através da geração de emprego e renda até os planos de redução de importação de fertilizantes e de aumento de energia elétrica via energia nuclear, ambos firmado pelo governo federal em seu plano de desenvolvimento traçado.
          Espera-se dessa maneira, que muito em breve o IBAMA autorize o licenciamento ambiental para o início da extração mineral assim como o DNPM já concedeu a concessão de lavra ao consórcio, pois o mesmo contempla os três pilares básicos de uma sociedade moderna: economia, sociedade e meio ambiente.

Demanda de Recursos Hídricos para a mina de Itataia

     Segundo José Roberto de Alcântara e Silva, em seu escrito acerca da caracterização hidrogeológica da jazida de Itataia 2012, esclareceu que: Na região da jazida, o sistema hidrográfico mais importante e de onde o recurso é retirado é o da bacia do Rio Groaíras pertencente ao sistema
Bacia do rio Acaraú, onde encontra-se a sub-bacia do
Rio Groaíras
Acaraú. O padrão de drenagem mais característico é o retangular a montante e sub dentrítico a jusante em direção à depressão sertaneja.
          A outorga é concedida pela Agência Nacional de Águas (ANA) por se tratar de rios de domínio da união e seu uso é consultivo, ou seja, à água demandada pelo empreendimento não retorna a bacia de onde a mesma foi captada.
Porém, o recurso passa por diversos processos de recirculação nas unidades industriais de produção de ácido sulfúrico e reaproveitamento no ciclo de beneficiamento do fosfato. A barragem de rejeitos será à jusante (abaixo do nível do lençol freático), o que minimiza potenciais riscos e danos ambientais.
          A disponibilidade qualitativa pode ser considerada boa em razão dos rios transitarem por regiões pouco urbanizadas e adensadas, devendo, no entanto, racionar a utilização e reaproveitar o recurso cada vez mais, pois devido ao clima quente e seco chove-se pouco na região e a disponibilidade quantitativa é baixa, podendo causar escassez.
          Estudos realizados pelo governo do estado do Ceará, por intermédio da Secretaria Estadual de
Rio Groaíras - Ce
Meio Ambiente, confirmou que é relativamente baixo o nível de poluição e inocorrente o nível de contaminação dos cursos de água da região, conforme dados apresentados em audiência pública para aprovação do projeto pelo DNPM em 2010.
          Algo que chama bastante atenção é o fato do sistema aquífero da região ocorrer em ambiente composto por rochas basicamente carbonatíticas, colofaníticas e por gnaisses, todas elas bastante imtemperizadas e em boa parte fraturadas, tornado-se permeáveis e porosas. Isso faz da região um importante local de fluxo de água subterrânea e de recarga de lençol freático assumindo aspecto hidrogeológico de extrema relevância, dada à facilidade de percolação da água meteórica até sua deposição em ambiente hidrogeológico.

Método de lavra que será utilizado na jazida de Santa QuitériaI

          Tendo como base o plano diretor realizado bem como as especificidades existentes no projeto e o estudo de viabilidade econômica, o consórcio Santa Quitéria definiu que a explotação será feita a céu aberto pelo método de lavra em bancada fazendo uso de perfuração via método DTH que abrange maior faixa de rocha. Em seguida serão usados explosivos como forma de detonação e desmonte. De acordo com modelamento geológico realizado por meio de furos de sondagem, o minério mais rico com melhor teor se encontra mais próximo à superfície. Descartou-se a lavra subterrânea em virtude do corpo minaralizado não apresentar grande profundidade (180m) e pelo mergulho do mesmo ser essencialmente baixo (20°).
          Outro fator determinante no processo de escolha do método foi o fator segurança. O colofanito de Santa Quitéria apresenta pouca resistência à compressão, o que em caso de lavra subterrânea comprometeria a segurança do empreendimento e dos trabalhadores considerando maiores riscos de desabamento.
          Contudo, o fator econômico foi o mais importante nessa escolha, visto que muito custaria desenvolver um método de lavra subterrânea para extrair um minério de pouco qualidade, tendo em vista que a mineralização mais rentável se encontra mais próxima da superfície.
          Conforme explica a INB, a extração ocorrerá por meio de bancadas de 5m de altura com o desenhar de uma cava que terá como referência a mina de Kakadu localizada ao norte da Austrália, como disposto a seguir:
Foto da mina de Kakadu - Austrália

domingo, 8 de novembro de 2015

Tecnologia empregada na segregação dos minérios

          De acordo com o consórcio que detém o direito de concessão de lavra da mina, tudo começa na mineração onde a rocha contendo os dois elementos é desmontada via explosivo ou até mesmo mecanicamente. Elas passam pelos processos de britagem e moagem com o objetivo de cominuí-las, isto é, reduzir suas partículas a granulometrias menores. A partir daí, entra em ação um importante processo chamado de flotação, que consiste na separação de minerais diferentes por meio de solução aquosa, gerando um concentrado de rocha fosfática.
          Na Flotação, os minerais úteis são separados das substâncias chamadas contaminantes, explorando uma propriedade chamada hidrofobicidade. Na máquina de flotação, a polpa suspensa é aerada, ocorrendo a separação física: minerais hidrofóbicos flotam e minerais hidrofílicos afundam, devido sua maior ou menor interação com a água.
Inicialmente, o processo de flotação tem como objetivo separar o fosfato dos minerais ricos em carbonato, como a calcita e a dolomita. Para que isso ocorra, vários são os reagentes químicos utilizados, entre eles, soda cáustica e óleo combustível, substâncias utilizadas pelos profissionais do CDTN na visita técnica à unidade que fica localizada no Campus da Pampulha na UFMG.
          O processo verificado é chamado de flotação direta, cujo resultado observado foi à sedimentação dos minerais contaminantes (calcita, dolomita e silicatos) e a flotação do fosfato. A ilustração a seguir ajuda a entender essa etapa conforme descrito por (SIS e CHANDER, 2003).
Processo de flotção do fosfato

          Após a etapa de flotação, o concentrado de rocha fosfática gerado é misturado com água e ácido sulfúrico desencadeando dessa operação dois produtos distintos: um aproveitável economicamente (ácido fosfórico) e outro que será estocado como rejeito (fosfogesso). Essa etapa tem como finalidade principal disseminar o mineral minério fósforo-uranífero do chamado mineral de ganga, conhecido como fosfogesso.
          Desse modo, para que o fosfato e o Urânio sejam aproveitáveis economicamente, ambos devem ser segregados de maneira a manter suas características. Isso ocorrerá por meio de um processo chamado extração por solventes, método desenvolvido tão somente para aplicação nesse projeto.                   Deverá, portanto, purificar o ácido fosfórico de modo que se obtenha o ácido fosfórico puro e o Licor de Urânio.

          A seguir, tem-se a imagem que ilustra essa fase da separação.

Imagem ilustrativa do processo de segregação dos minérios

          Como explicado pela química Ângela Cristina Ribeiro Nogueira, do Instituto de pesquisas Energética e Nucleares (IPEA) 2014, utiliza-se uma substância extratora chamada ácido pirofosfórico, que passa por um processo de hidrólise, isto é, quebra de suas moléculas através da molécula de água.
          O fosfato então, se associa ao ácido pirofosfórico e se solubiliza uma vez que as moléculas de Urânio por serem menos densas se alocam mais próximo à superfície.
O licor de Urânio passa por um processo de repouso dando origem ao concentrado de Urânio (yellowcake), onde é acondicionado em tambores especiais e exportado para a Europa com o intuito de ser processado. Enfim, após ser processado é devolvido ao Brasil com o objetivo de ser utilizado como elemento combustível na geração de energia nuclear nas unidades de Angra do Reis.
Por sua vez, o ácido fosfórico puro é utilizado na fabricação de fertilizantes fosfatados e como composto para fabricação de ração animal. Tais produtos são destinados para produtores e agricultores da região Nordeste do Brasil, fortalecendo assim o agronegócio.

Metalogênese do depósito mineral de Itataia

          Segundo (MENDONÇA,1995), A jazida de Itataia é uma ocorrência ígnea formada por derrame do magma em cristalização lenta.
          O processo formador mais provável que constituiu o depósito em questão está associado a um carbonatito quaternário que intrudiu em meio às rochas encaixantes gnáissicas e marmorizadas do período pré-cambriano trazendo consigo minerais como apatita, colofana, calcita, dolomita, uranila e silicatos.
          Esses minerais se mineralizaram na rocha fosfática hospedeira alterando sua estrutura e composição química, de modo que deu origem a uma rocha colofanítica. Em virtude das altas
Processo de formação do depósito de enrriquecimento supergênico
concentrações de Urânio existentes devido à lixiviação de silicatos que compunham a rocha, processo conhecido como enriquecimento supergênico, promoveu ao mesmo tempo a concentração e a dispersão do minério de urânio no colofanito.
          De acordo com suas propriedades magmáticas, o Urânio mineralizado pela colofana que tem como ambiente geoquímico de formação um ambiente mais redutor ou hipogênico se alocou mais nas profundezas da rocha, enquanto que o Urânio mineralizado pela uranila com mais familiaridade ao ambiente oxidante se associou mais à superfície.
          Conforme explica (MIAUTON, 1980), à aglutinação entre esses minérios só é possível em um colofanito devido à presença de sódio na estrutura do fosfato o que indica um alto grau de salinidade, favorecendo a agregação.
          O depósito mineral de Itataia pode ser classificado como epigenético, pois a formação do minério foi posterior à formação da encaixante, uma vez que os gnaisses, os granitos e os mármores já existiam quando da ocorrência fósforo- uranífera.
Enfim, O depósito fósforo-uranífero constituído dominantemente por colofanito apresenta tipologia bastante diversificada, sendo o minério mais antigo e, provavelmente, primário, encontrado disseminado junto às rochas gnáissicas pelíticas e rochas calcissilicáticas normalmente deformadas.           A mineralização mais nova e economicamente mais importante é representada pelos colofanitos maciços associados a processos de carstificação, intrusão carbonática e consequente enriquecimento supergênico.

sábado, 7 de novembro de 2015

Por que precisamos do projeto Santa Quitéria?

          Por se tratar de um projeto viável técnica e cientificamente. Por fazer menção a um projeto que impulsiona a economia e o crescimento da sociedade. Por ser um projeto cujas diretrizes respeitam as leis ambientais. Como podemos notar, são várias as razões para isso. O que dizer então, de uma tecnologia desenvolvida essencialmente para ser aplicada a mina de itataia e que permite a lavra associada de fosfatos a urânio?
          Simples. O projeto junta o útil ao agradável. Isso porque para o Brasil produzir cada vez mais alimentos, são necessários insumos básicos a base de fosfatos, hoje em grande parte importados. Com isso, cairá pela metade o percentual de importação de produtos com essas características.
          Aliado a isso, será quadruplicada a oferta de urânio que servirá como combustível nuclear na geração de energia pela usina de angra III, diversificando a matriz energética brasileira hoje totalmente dependente das hidrelétricas.
           O vídeo abaixo, publicado pelo Consórcio Santa Quitéria mostra um pouco mais sobre o precesso de extração e da instalação de um complexo industrial dedicado a extração e ao beneficiamento dos minerais.

O Projeto Santa Quitéria

          A mina de itataia, descoberta em 1975, está localizada na confluência dos municípios cearenses de Santa Quitéria, Madalena e Itatira, compreendendo uma área total de 4 mil hectares. Segundo o consórcio que detém o direito de lavra da mina, formado pelas Indústrias Nucleares do Brasil em parceria com a mineradora Galvani, a mina produzirá anualmente 180 mil toneladas de fosfato além de 1200 toneladas de Urânio, gerando uma receita de até R$ 1 bilhão de reais e uma arrecadação em impostos de R$ 125 milhões de reais aos cofres públicos do estado do Ceará, como ressalto pelo coordenador da INB José Roberto de Alcântara e Silva em entrevista ao jornal Diário do Nordeste em 2013.
          Segundo consta em Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) de 2012, elaborado pelas empresas mantenedoras do consórcio, disponível para consulta junto ao DNPM, o empreendimento
Ilustração do complexo minero industrial em Santa Quitéria 
trata de um complexo minero industrial, ou seja, um projeto que faz tanto a exploração quanto o beneficiamento do fosfato bem como do minério de Urânio, prevendo tempo de vida útil da jazida de 20 anos.
          Tal empreendimento será constituído por uma mina, duas unidades industriais (Unidade de Fosfato e Unidade de Urânio), uma pilha de estéril, e outra de fosfogesso (subproduto da indústria de fertilizante), uma barragem de rejeitos e estruturas de apoio.
          Em uma das referidas unidades, o minério fosfatado será extraído a partir da Apatita e da Fluorita e beneficiado obtendo-se o ácido fosfórico, usado na produção de fertilizantes e ração animal, processo este de responsabilidade da Galvani.
          Na outra unidade, sob a tutela do Estado por intermédio da INB, o minério de urânio será concentrado através de processos físicos de filtragem e secagem, onde mais tarde passarão por processos químicos de flotação e precipitação até se obter o concentrado de Urânio, substância essa que será transportada até o porto de Fortaleza para ser exportado para a Europa a fim de ser processado, retornando ao Brasil com a finalidade de ser utilizado na fabricação de elementos combustíveis.
          Cabe ressaltar que tanto a instalação quanto a operação seguirão normas rígidas de segurança estabelecidas pela CNEN para garantir a proteção dos trabalhadores, da população e do meio ambiente.
          De modo geral, esse complexo contribuirá para o aumento da oferta de insumos para a agricultura fortalecendo o agronegócio da região Nordeste do Brasil. Aumentará também os insumos para geração de energia nuclear, ajudando na diversificação da oferta de energia demandada hoje essencialmente de hidrelétricas.
          A mina de itataia é responsável pela maior reserva de urânio do Brasil e a maior produção de derivados fosfáticos, impactando grandemente na economia e na sociedade, tendo em vista a contratação de mão de obra local e redução das importações de produtos usados como fertilizantes.
          A seguir, tem-se um fluxograma que ilustra todo o complexo minero industrial e a mina de itataia, que constitui objeto de estudo desse artigo:
Ilustração do complexo minero industrial em Santa Quitéria


Brasil detém tecnologias inovadoras em beneficiamento de minério e desenvolvimento de rotas tecnológicas otimizadas no que tange a segregação de Urânio associado ao fosfato

          À medida que o Brasil se consolida como potência no segmento de mineração, principalmente no que tange ao surgimento de novas tecnologias de extração, beneficiamento e tratamento de rejeito de minerais, uma nova descoberta chama atenção da comunidade científica internacional.
          Dentre as várias tecnologias acerca desse assunto, a mais comentada e a que ganhou maior
Minério de urânio associado ao fosfato
notoriedade foi sem dúvida nenhuma a desenvolvida pelo Instituto de Engenharia Nuclear em parceria com as Indústrias Nucleares do Brasil que visa a separação do Urânio do fosfato aproveitando ao máximo a recuperação dos dois elementos.
          Trata-se do desenvolvimento de uma rota tecnológica capaz de segregar essas substâncias. A priori, os testes foram executados primeiramente em laboratório e, posteriormente, a eficácia do processo em escala industrial foi comprovada após ensaios feitos numa planta- piloto construída no município de Caldas (MG).
          Sabe-se que, a aplicação da rota tecnológica, contudo, viabilizará a explotação da jazida de Itataia (CE) onde esses dois elementos encontram-se mineralizados em rochas de Colofanito, nome dado as rochas fosfáticas com percentual variado de Urânio em sua composição. Devido a aplicabilidade do método, duas unidades industriais serão implementadas, das quais uma se responsabilizará pela fabricação de fertilizantes fosfatados, uma vez que a outra se encarregará de
Local onde será explorada a jazida de urânio e fosfato
Santa Quitéria - Ce
produzir o Yellowcake, como é conhecido o concentrado de Urânio, processo esse que será realizado em sua totalidade nas próprias instalações construídas no entorno da mina.
        Segundo afirma as Indústrias Nucleares do Brasil (INB), a referida tecnologia garante o aproveitamento desses dois recursos naturais de modo que em condições eficientes será preservado todo o potencial econômico de ambos.
          Essa tecnologia inovadora constitui um marco crucial para o desenvolvimento da mineração no país visto que todo o empreendimento é financiado com recursos das próprias empresas envolvidas e também do banco do Nordeste, caracterizando uma tecnologia genuinamente nacional. 

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Viabilidade econômica e Desenvolvimento Sustentável

          Com relação aos métodos de reutilização que foram citados nas postagens anteriores, no que se refere a viabilidade socioeconômica e técnico- científica, conclui-se que a melhor delas é aquela utilizada atualmente pela Samarco Mineração que está pautada em reutilizar à água para irrigação de áreas replantadas, umectação de vias, lavagem de caminhões e aspersão de poeira.
          Porém, esse método não é de fato o mais recomendável do ponto de vista ambiental. Levando-se em consideração a sustentabilidade e a preservação do recurso que a cada dia se torna mais escasso, o ideal seria que fosse viabilizado o quanto antes o projeto de reutilização da água do mineroduto para geração de energia elétrica que alimente toda a planta de beneficiamento da usina.
          Isso porque, para lavar caminhões, umectar vias, dispersar poeira e irrigar áreas replantadas, pode-se utilizar à água decantada da barragem de rejeito, água essa que constantemente precisa ser eliminada para evitar possíveis rompimentos. 
          Além disso, outro fator importante, é que caso o projeto de reutilização da água do mineroduto para geração de energia elétrica seja implementado pela Samarco mineração, é a sustentabilidade, uma vez que menor quantidade de água seria demandada de rios, córregos e ribeirões, haja visto que não haveria necessidade de consumo da mesma para geração energia elétrica no processo de beneficiamento, sendo que tal energia seria gerada através da água reutilizada do mineroduto. 
          Embora muitos projetos de mineração estejam parados aguardando liberação dos órgãos ambientais, inclusive o projeto Quarta pelotização (P4P) da Samarco Mineração que prevê a construção de um novo minedoduto que passará por 14 cidades de minas, 2 do Rio de Janeiro e 1 do Espírito Santo, Maria Laura Barreto se mostra confiante quanto aos avanços do setor no que tange a novas tecnologias que fazem menção a sustentabilidade, como descreve em seu livro ensaios sobre a sustentabilidade da mineração no Brasil 2° versão (2012).
          De fato houve avanços, e isso é refutado pelas ações da Companhia Vale do Rio Doce, que por ser uma das maiores mineradoras do mundo, reutiliza cerca de aproximadamente 77% da água que abastece o seus complexos industriais.
Segundo pode ser verificado no relatório anual de sustentabilidade da empresa (2012), a mesma conseguiu economizar uma quantidade de 33,68 milhões de metros cúbicos de água, o suficiente para abastecer a cidade do Rio de Janeiro por dois anos.
          Parte desse resultado é reflexo dos investimentos em tecnologia voltadas para o desenvolvimento sustentável focadas na redução do consumo de água. De acordo com a empresa foram investidos US$ 14,47 milhões apenas em recursos hídricos no país.
          Ações como utilizar a própria umidade natural do minério no processo de peneiramento sem necessidade de utilizar água nova, bem como a recirculação da água nas diversas etapas do processo produtivo, tornam-se um diferencial do ponto de vista ambiental, contribuindo diretamente na redução do consumo.
          Isso é algo extremamente positivo e deve ser uma constante no setor. No setor industrial e na agricultura, que demandam grande quantidade desse insumo, a reutilização pode ser uma saída para que não haja racionamentos e o risco de desabastecimento.
          Nesse sentido, deve-se considerar o reuso de água como parte de uma atividade mais abrangente que é o uso racional e eficiente do insumo, o qual compreende também o controle de perdas e desperdícios.

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Reutilização de água Mineradora Samarco - MG

          Os sucessivos desmontes de rocha provocados por explosivos levantam bastante poeira. Aliado a isso, o pó do minério de ferro que em alguns casos pode ser prejudicial à saúde, incomoda a população local e aumenta o risco de doenças respiratórias, conforme salientou Carlos Minc, ex ministro do meio ambiente em reunião realizada com representantes do sindicato das empresas de mineração do RS em 2010.
Lagoa Mãe-bá onde é feito o armazenamento do restante 
da água não utilizada do mineroduto
          Diante disso, a Samarco tem reutilizado à água do mineroduto analisado para fazer a lavagem de caminhões carregadores. Umectar as vias e dispersar a poeira advinda do desmonte de rocha são outras das formas encontradas pela empresa para solucionar o problema.
          As áreas replantadas por exigência ambiental ou por medida de compensação de impacto, também são irrigadas utilizando à água descartada do mineroduto.
          Porém, essa medida encontrada pela empresa como forma de reutilização é bastante questionada pelo deputado Rogério Corrêa do PT, membro da comissão de meio ambiente e desenvolvimento sustentável da ALMG.
          Segundo ele, essa forma de reutilizar um recurso cada vez mais escasso, é antiquada e atrasada, visto que pouco ou quase nenhum benefício traz a população local que sofre com os efeitos negativos de um sistema degradante e ineficaz.
          O deputado completa dizendo: “Isso só faz aumentar o lucro obtido pelos empresários do ramo, que se aproveitam da ausência de uma legislação mais firme para o setor, investindo insuficientes recursos, de modo a burlar as poucas exigências legais.

Projeto de reutilização da água para geração de energia elétrica - Mineradora Samarco - Mariana - MG

          Sabe-se que uma planta de beneficiamento de minério consome grande quantidade de energia elétrica. Para os processos de britagem, peneiramento, fragmentação e moagem ela é indispensável.
Segundo anunciou o conselho de administração da Samarco mineração, em seu balanço anual de investimentos em sustentabilidade (2012), a empresa prevê a construção de torres de transmissão e geração de energia reutilizando a água do mineroduto.
          De acordo com o que explica Ricardo Vescovi de Aragão, diretor-presidente da mineradora, isso seria feito com o intuito de alimentar as unidades de Anchieta (ES) e Mariana (MG), objetivando a certificação ISO da empresa e visando a diminuição da captação de água do Rio Piracicaba.
          Desse modo, a água que é separada do sólido por meio de filtragem, passaria por um processo de tratamento em uma estação, sendo depois decantada e armazenada num reservatório. Posteriormente, a mesma serviria como matéria prima para geração de energia elétrica que abastecesse toda a planta de beneficiamento de minério das unidades em questão.
          Quanto a viabilidade do projeto, o mesmo seria implementado concomitantemente a construção de um mineroduto e em parceria com as empresas geradoras de energia. O processo seria semelhante ao de uma usina hidrelétrica, uma vez que a água seria bombeada de forma que ganhasse energia cinética suficientemente alta para acionar as turbinas, que por sua vez movimentariam um gerador.
          A grande discussão sobre o assunto, segundo explica o diretor- presidente da Samarco, seria se a quantidade de água que chega até o destino final do mineroduto supriria essa demanda, bem como o ônus que a empresa terá com a construção da infraestrutura necessária sem qualquer ajuda do poder público.
          O Departamento jurídico da empresa está mobilizado de modo a sanar todas as exigências legais que competem a outorga dos projetos ora estagnados da mineradora, explica ele.
Terminal de carregamento no porto de Ubú - ES


terça-feira, 23 de junho de 2015

Reutilização da água do mineroduto para o consumo humano

          Há poucos anos atrás, o descarte da água utilizada no Mineroduto ocorria de maneira imprudente e irresponsável, uma vez que todo o volume era despejado ao mar, segundo afirma Bruno Porto, colunista do jornal Hoje em Dia em matéria publicada no site. Ainda segundo ele, esse cenário foi mudado devido as exigências legais dos órgãos ambientais terem aumentado quanto a liberação de grandes projetos na área de mineração.
          Segundo afirma o colunista, atualmente cerca de metade da vasão de agua destinada para este fim já e reutilizada, porém ainda de maneira equivocada, ressalta.
          Para ele, o modo mais eficiente de reutilização dessa água seria sua acomodação em lençóis freáticos transportada através de dutos subterrâneos que em grandes períodos de estiagem que servissem como água potável e tratada para o consumo da população local.
          Conclui afirmando que, sua simples reutilização para lavagem de caminhões, aspersão de poeira e umectação de vias é um modo arcaico de reaproveitamento e que traz irrelevantes benefícios sociais.
          Contudo, o que o autor propõe é economicamente inviável. Isso porque o custo para se criar um projeto com essas características seria bastante alto, pois essa água deveria ser totalmente tratada para que pudesse ser destinada ao consumo humano, e como isso a necessidade de implantação de uma estação de tratamento. 
          Outro fator que oneraria a implementação de um projeto desse é o transporte dessa água. Muitos metros de tubulação seriam utilizados para se transportar essa água em sub superfície, sem falar das várias e várias perfurações que deverão ser feitas com o objetivo de cumprir o propósito.
          Não menos importante, outro fator que inviabiliza a questão é o número de pessoas a serem beneficiadas. Ao tomar por exemplo o mineroduto da Mineradora Samarco que transporta a popa de minério de Minas Gerais ao porto de Ubú no Espírito Santo onde a população local responde por cerca 15 mil habitantes, seria este um gasto exorbitantemente alto para um número inexpressivo de beneficiados. 

Mineroduto: O que é, como funciona, vantagens e desvantagens

          Segundo escreveu Mathias Heider, em seu artigo sustentabilidade na mineração (2010), um Mineroduto pode ser definido como um sistema de tubulações cujo objetivo é transportar minérios por longas distâncias de forma que haja menor impacto ambiental se comparado com os meios mais usuais de transporte.
Mineroduto Samarco MG-ES
          Ainda segundo ele, a massa sólida correspondente ao minério é acrescida de água e transportada por um sistema de bombeamento o qual utiliza-se de energia elétrica. Ao se atingir certa velocidade esse material passa a ser movido pela ação da gravidade a uma velocidade aproximada de 40 Km/h, entrando em desaceleração a cada 20m para se evitar a pressão excessiva na tubulação e consequentemente o desgaste prematuro do equipamento.
          Afirma que para haver esse tipo de sistema, uma grande obra de engenharia é necessária. Isso porque é algo extremamente complexo e que inclui riscos potenciais de danos físicos e materiais, explica ele.
          Heider, conclui citando que, desde a escolha do material utilizado em sua fase inicial de construção, até a escolha dos ambientes geográficos que servirão para abrigar esse sistema já na sua fase de execução, são de relevância inimagináveis.
          A tabela a seguir, apresenta as vantagens e desvantagens quanto à forma de se transportar recursos minerais via Mineroduto.


segunda-feira, 22 de junho de 2015

Crise hídrica e a indústria da mineração

          É sabido que a crise hídrica a qual estamos vivendo foi desencadeada basicamente em razão do aumento do consumo pela população, bem como pelos diversos setores produtivos e industriais. Aliado a isso, a escassez de chuva e a cultura de desperdício merecem lugar de destaque nesse cenário cada vez mais preocupante de possível racionamento e corte de abastecimento.
          Em face disso, reduzir e reutilizar esse insumo constitui fator crucial para a manutenção da qualidade de vida no planeta, sendo obrigação não apenas do poder público mas de todos que essencialmente dependem da água.
          As autoridades que regulam tal recurso afirmam que a situação é extremamente preocupante dado o nível dos reservatórios que se encontram com sua capacidade e vazão bem abaixo do volume considerado normal. Medidas tem sido adotadas, porém são apenas substanciais. O cenário é mais preocupante do que se imagina, onde se desenha uma crise sem precedentes com possibilidade de falta d’água por longos períodos ou ainda sucessivos revezamentos com o intuito de suprir a demanda cada vez mais crescente.
          Diante disso, devemos também discutir métodos eficazes quanto ao reuso da água utilizada nas diversas etapas do processo minerário, de forma a implantar um sistema técnico e economicamente viável que garanta a redução do consumo desse insumo, adotando práticas sustentáveis a fim de diminuir o risco de desabastecimento procurando escolher o melhor dos métodos visando sua implementação no menor espaço de tempo possível, uma vez que os benefícios gerados contemplarão sociedade, economia e meio ambiente. 
          Para tanto, é essencial que todos compreendam a seriedade do assunto buscando alterar velhos hábitos que favoreçam a cultura de desperdício até aqui verificada.Em razão da referida crise hídrica vivida nos últimos dias, acarretada dentre outros fatores pelo consumo demasiado e sem responsabilidade da água, devemos apontar soluções de modo a sanar o problema constituído, alcançando toda a sociedade, para que em conjunto entendamos todos a real gravidade da situação, bem como os impactos negativos dela advindos.
          Sendo assim, qual a melhor forma de reutilizar essa água na indústria de mineração com o menor custo possível? A eficiência do reuso do insumo no setor está atrelada ao menor valor gasto com o projeto?
          Entende-se como viabilidade econômica a relação existente entre o menor custo e o maior benefício. Portanto, um projeto economicamente viável, é aquele que acarreta o maior benefício em face do menor valor gasto em sua aplicação. Com base nisso, a partir de estudos preliminares, infere-se que o melhor projeto seja à construção de uma mini estação de tratamento de água no local de descarte da água utilizada no mineroduto, isso porque o recurso será tratado de maneira que possa ser reutilizado na geração de energia elétrica como a finalidade dessa ser consumida no setor de beneficiamento de minério.
          Ainda com base nesses estudos, conclui-se que a eficiência do projeto não está atrelada ao valor que será gasto em sua implantação, uma vez que aquele mais oneroso nem sempre trará o maior benefício.Desse modo, deve se ainda desmistificar a ideia de que quanto maior o valor gasto maior a eficiência do projeto.
          Conclui-se, portanto, que formas eficazes de reutilização da água diminuem consideravelmente a demanda pelo insumo, o que minimiza os efeitos da crise hídrica relacionados, como por exemplo, rodízio no abastecimento. Torna-se necessário ainda que investimentos sejam feitos por parte das diversas empresas que integram os setores industriais e produtivos de tal forma que eles não representem somente um diferencial, mas tornem uma prática comum através de exigências legais previstas em lei federal.
          A justificativa está pautada em análises críticas acerca da crise vivida no setor de abastecimento com o intuito de chamar atenção da sociedade civil e do poder público quanto a falta de ações com o objetivo de sanar o problema. Sendo assim, informações relevantes serão repassadas no que tange aos impactos negativos caso nada seja feito ou mudado. Muito embora tenha se discorrido bastante sobre o tema, poucas foram as soluções efetivamente apresentadas para resolvê-lo de maneira rápida e eficiente.
          Enfim, sugerir novas formas de encarar essa situação de modo a evitar danos e prejuízos aos setores econômicos e sociais.