quinta-feira, 25 de junho de 2015

Viabilidade econômica e Desenvolvimento Sustentável

          Com relação aos métodos de reutilização que foram citados nas postagens anteriores, no que se refere a viabilidade socioeconômica e técnico- científica, conclui-se que a melhor delas é aquela utilizada atualmente pela Samarco Mineração que está pautada em reutilizar à água para irrigação de áreas replantadas, umectação de vias, lavagem de caminhões e aspersão de poeira.
          Porém, esse método não é de fato o mais recomendável do ponto de vista ambiental. Levando-se em consideração a sustentabilidade e a preservação do recurso que a cada dia se torna mais escasso, o ideal seria que fosse viabilizado o quanto antes o projeto de reutilização da água do mineroduto para geração de energia elétrica que alimente toda a planta de beneficiamento da usina.
          Isso porque, para lavar caminhões, umectar vias, dispersar poeira e irrigar áreas replantadas, pode-se utilizar à água decantada da barragem de rejeito, água essa que constantemente precisa ser eliminada para evitar possíveis rompimentos. 
          Além disso, outro fator importante, é que caso o projeto de reutilização da água do mineroduto para geração de energia elétrica seja implementado pela Samarco mineração, é a sustentabilidade, uma vez que menor quantidade de água seria demandada de rios, córregos e ribeirões, haja visto que não haveria necessidade de consumo da mesma para geração energia elétrica no processo de beneficiamento, sendo que tal energia seria gerada através da água reutilizada do mineroduto. 
          Embora muitos projetos de mineração estejam parados aguardando liberação dos órgãos ambientais, inclusive o projeto Quarta pelotização (P4P) da Samarco Mineração que prevê a construção de um novo minedoduto que passará por 14 cidades de minas, 2 do Rio de Janeiro e 1 do Espírito Santo, Maria Laura Barreto se mostra confiante quanto aos avanços do setor no que tange a novas tecnologias que fazem menção a sustentabilidade, como descreve em seu livro ensaios sobre a sustentabilidade da mineração no Brasil 2° versão (2012).
          De fato houve avanços, e isso é refutado pelas ações da Companhia Vale do Rio Doce, que por ser uma das maiores mineradoras do mundo, reutiliza cerca de aproximadamente 77% da água que abastece o seus complexos industriais.
Segundo pode ser verificado no relatório anual de sustentabilidade da empresa (2012), a mesma conseguiu economizar uma quantidade de 33,68 milhões de metros cúbicos de água, o suficiente para abastecer a cidade do Rio de Janeiro por dois anos.
          Parte desse resultado é reflexo dos investimentos em tecnologia voltadas para o desenvolvimento sustentável focadas na redução do consumo de água. De acordo com a empresa foram investidos US$ 14,47 milhões apenas em recursos hídricos no país.
          Ações como utilizar a própria umidade natural do minério no processo de peneiramento sem necessidade de utilizar água nova, bem como a recirculação da água nas diversas etapas do processo produtivo, tornam-se um diferencial do ponto de vista ambiental, contribuindo diretamente na redução do consumo.
          Isso é algo extremamente positivo e deve ser uma constante no setor. No setor industrial e na agricultura, que demandam grande quantidade desse insumo, a reutilização pode ser uma saída para que não haja racionamentos e o risco de desabastecimento.
          Nesse sentido, deve-se considerar o reuso de água como parte de uma atividade mais abrangente que é o uso racional e eficiente do insumo, o qual compreende também o controle de perdas e desperdícios.

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Reutilização de água Mineradora Samarco - MG

          Os sucessivos desmontes de rocha provocados por explosivos levantam bastante poeira. Aliado a isso, o pó do minério de ferro que em alguns casos pode ser prejudicial à saúde, incomoda a população local e aumenta o risco de doenças respiratórias, conforme salientou Carlos Minc, ex ministro do meio ambiente em reunião realizada com representantes do sindicato das empresas de mineração do RS em 2010.
Lagoa Mãe-bá onde é feito o armazenamento do restante 
da água não utilizada do mineroduto
          Diante disso, a Samarco tem reutilizado à água do mineroduto analisado para fazer a lavagem de caminhões carregadores. Umectar as vias e dispersar a poeira advinda do desmonte de rocha são outras das formas encontradas pela empresa para solucionar o problema.
          As áreas replantadas por exigência ambiental ou por medida de compensação de impacto, também são irrigadas utilizando à água descartada do mineroduto.
          Porém, essa medida encontrada pela empresa como forma de reutilização é bastante questionada pelo deputado Rogério Corrêa do PT, membro da comissão de meio ambiente e desenvolvimento sustentável da ALMG.
          Segundo ele, essa forma de reutilizar um recurso cada vez mais escasso, é antiquada e atrasada, visto que pouco ou quase nenhum benefício traz a população local que sofre com os efeitos negativos de um sistema degradante e ineficaz.
          O deputado completa dizendo: “Isso só faz aumentar o lucro obtido pelos empresários do ramo, que se aproveitam da ausência de uma legislação mais firme para o setor, investindo insuficientes recursos, de modo a burlar as poucas exigências legais.

Projeto de reutilização da água para geração de energia elétrica - Mineradora Samarco - Mariana - MG

          Sabe-se que uma planta de beneficiamento de minério consome grande quantidade de energia elétrica. Para os processos de britagem, peneiramento, fragmentação e moagem ela é indispensável.
Segundo anunciou o conselho de administração da Samarco mineração, em seu balanço anual de investimentos em sustentabilidade (2012), a empresa prevê a construção de torres de transmissão e geração de energia reutilizando a água do mineroduto.
          De acordo com o que explica Ricardo Vescovi de Aragão, diretor-presidente da mineradora, isso seria feito com o intuito de alimentar as unidades de Anchieta (ES) e Mariana (MG), objetivando a certificação ISO da empresa e visando a diminuição da captação de água do Rio Piracicaba.
          Desse modo, a água que é separada do sólido por meio de filtragem, passaria por um processo de tratamento em uma estação, sendo depois decantada e armazenada num reservatório. Posteriormente, a mesma serviria como matéria prima para geração de energia elétrica que abastecesse toda a planta de beneficiamento de minério das unidades em questão.
          Quanto a viabilidade do projeto, o mesmo seria implementado concomitantemente a construção de um mineroduto e em parceria com as empresas geradoras de energia. O processo seria semelhante ao de uma usina hidrelétrica, uma vez que a água seria bombeada de forma que ganhasse energia cinética suficientemente alta para acionar as turbinas, que por sua vez movimentariam um gerador.
          A grande discussão sobre o assunto, segundo explica o diretor- presidente da Samarco, seria se a quantidade de água que chega até o destino final do mineroduto supriria essa demanda, bem como o ônus que a empresa terá com a construção da infraestrutura necessária sem qualquer ajuda do poder público.
          O Departamento jurídico da empresa está mobilizado de modo a sanar todas as exigências legais que competem a outorga dos projetos ora estagnados da mineradora, explica ele.
Terminal de carregamento no porto de Ubú - ES


terça-feira, 23 de junho de 2015

Reutilização da água do mineroduto para o consumo humano

          Há poucos anos atrás, o descarte da água utilizada no Mineroduto ocorria de maneira imprudente e irresponsável, uma vez que todo o volume era despejado ao mar, segundo afirma Bruno Porto, colunista do jornal Hoje em Dia em matéria publicada no site. Ainda segundo ele, esse cenário foi mudado devido as exigências legais dos órgãos ambientais terem aumentado quanto a liberação de grandes projetos na área de mineração.
          Segundo afirma o colunista, atualmente cerca de metade da vasão de agua destinada para este fim já e reutilizada, porém ainda de maneira equivocada, ressalta.
          Para ele, o modo mais eficiente de reutilização dessa água seria sua acomodação em lençóis freáticos transportada através de dutos subterrâneos que em grandes períodos de estiagem que servissem como água potável e tratada para o consumo da população local.
          Conclui afirmando que, sua simples reutilização para lavagem de caminhões, aspersão de poeira e umectação de vias é um modo arcaico de reaproveitamento e que traz irrelevantes benefícios sociais.
          Contudo, o que o autor propõe é economicamente inviável. Isso porque o custo para se criar um projeto com essas características seria bastante alto, pois essa água deveria ser totalmente tratada para que pudesse ser destinada ao consumo humano, e como isso a necessidade de implantação de uma estação de tratamento. 
          Outro fator que oneraria a implementação de um projeto desse é o transporte dessa água. Muitos metros de tubulação seriam utilizados para se transportar essa água em sub superfície, sem falar das várias e várias perfurações que deverão ser feitas com o objetivo de cumprir o propósito.
          Não menos importante, outro fator que inviabiliza a questão é o número de pessoas a serem beneficiadas. Ao tomar por exemplo o mineroduto da Mineradora Samarco que transporta a popa de minério de Minas Gerais ao porto de Ubú no Espírito Santo onde a população local responde por cerca 15 mil habitantes, seria este um gasto exorbitantemente alto para um número inexpressivo de beneficiados. 

Mineroduto: O que é, como funciona, vantagens e desvantagens

          Segundo escreveu Mathias Heider, em seu artigo sustentabilidade na mineração (2010), um Mineroduto pode ser definido como um sistema de tubulações cujo objetivo é transportar minérios por longas distâncias de forma que haja menor impacto ambiental se comparado com os meios mais usuais de transporte.
Mineroduto Samarco MG-ES
          Ainda segundo ele, a massa sólida correspondente ao minério é acrescida de água e transportada por um sistema de bombeamento o qual utiliza-se de energia elétrica. Ao se atingir certa velocidade esse material passa a ser movido pela ação da gravidade a uma velocidade aproximada de 40 Km/h, entrando em desaceleração a cada 20m para se evitar a pressão excessiva na tubulação e consequentemente o desgaste prematuro do equipamento.
          Afirma que para haver esse tipo de sistema, uma grande obra de engenharia é necessária. Isso porque é algo extremamente complexo e que inclui riscos potenciais de danos físicos e materiais, explica ele.
          Heider, conclui citando que, desde a escolha do material utilizado em sua fase inicial de construção, até a escolha dos ambientes geográficos que servirão para abrigar esse sistema já na sua fase de execução, são de relevância inimagináveis.
          A tabela a seguir, apresenta as vantagens e desvantagens quanto à forma de se transportar recursos minerais via Mineroduto.


segunda-feira, 22 de junho de 2015

Crise hídrica e a indústria da mineração

          É sabido que a crise hídrica a qual estamos vivendo foi desencadeada basicamente em razão do aumento do consumo pela população, bem como pelos diversos setores produtivos e industriais. Aliado a isso, a escassez de chuva e a cultura de desperdício merecem lugar de destaque nesse cenário cada vez mais preocupante de possível racionamento e corte de abastecimento.
          Em face disso, reduzir e reutilizar esse insumo constitui fator crucial para a manutenção da qualidade de vida no planeta, sendo obrigação não apenas do poder público mas de todos que essencialmente dependem da água.
          As autoridades que regulam tal recurso afirmam que a situação é extremamente preocupante dado o nível dos reservatórios que se encontram com sua capacidade e vazão bem abaixo do volume considerado normal. Medidas tem sido adotadas, porém são apenas substanciais. O cenário é mais preocupante do que se imagina, onde se desenha uma crise sem precedentes com possibilidade de falta d’água por longos períodos ou ainda sucessivos revezamentos com o intuito de suprir a demanda cada vez mais crescente.
          Diante disso, devemos também discutir métodos eficazes quanto ao reuso da água utilizada nas diversas etapas do processo minerário, de forma a implantar um sistema técnico e economicamente viável que garanta a redução do consumo desse insumo, adotando práticas sustentáveis a fim de diminuir o risco de desabastecimento procurando escolher o melhor dos métodos visando sua implementação no menor espaço de tempo possível, uma vez que os benefícios gerados contemplarão sociedade, economia e meio ambiente. 
          Para tanto, é essencial que todos compreendam a seriedade do assunto buscando alterar velhos hábitos que favoreçam a cultura de desperdício até aqui verificada.Em razão da referida crise hídrica vivida nos últimos dias, acarretada dentre outros fatores pelo consumo demasiado e sem responsabilidade da água, devemos apontar soluções de modo a sanar o problema constituído, alcançando toda a sociedade, para que em conjunto entendamos todos a real gravidade da situação, bem como os impactos negativos dela advindos.
          Sendo assim, qual a melhor forma de reutilizar essa água na indústria de mineração com o menor custo possível? A eficiência do reuso do insumo no setor está atrelada ao menor valor gasto com o projeto?
          Entende-se como viabilidade econômica a relação existente entre o menor custo e o maior benefício. Portanto, um projeto economicamente viável, é aquele que acarreta o maior benefício em face do menor valor gasto em sua aplicação. Com base nisso, a partir de estudos preliminares, infere-se que o melhor projeto seja à construção de uma mini estação de tratamento de água no local de descarte da água utilizada no mineroduto, isso porque o recurso será tratado de maneira que possa ser reutilizado na geração de energia elétrica como a finalidade dessa ser consumida no setor de beneficiamento de minério.
          Ainda com base nesses estudos, conclui-se que a eficiência do projeto não está atrelada ao valor que será gasto em sua implantação, uma vez que aquele mais oneroso nem sempre trará o maior benefício.Desse modo, deve se ainda desmistificar a ideia de que quanto maior o valor gasto maior a eficiência do projeto.
          Conclui-se, portanto, que formas eficazes de reutilização da água diminuem consideravelmente a demanda pelo insumo, o que minimiza os efeitos da crise hídrica relacionados, como por exemplo, rodízio no abastecimento. Torna-se necessário ainda que investimentos sejam feitos por parte das diversas empresas que integram os setores industriais e produtivos de tal forma que eles não representem somente um diferencial, mas tornem uma prática comum através de exigências legais previstas em lei federal.
          A justificativa está pautada em análises críticas acerca da crise vivida no setor de abastecimento com o intuito de chamar atenção da sociedade civil e do poder público quanto a falta de ações com o objetivo de sanar o problema. Sendo assim, informações relevantes serão repassadas no que tange aos impactos negativos caso nada seja feito ou mudado. Muito embora tenha se discorrido bastante sobre o tema, poucas foram as soluções efetivamente apresentadas para resolvê-lo de maneira rápida e eficiente.
          Enfim, sugerir novas formas de encarar essa situação de modo a evitar danos e prejuízos aos setores econômicos e sociais.